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sábado, 27 de agosto de 2011

Texto para convencer idiotas

Horácio Brasil, representante do Setps - Sindicato das Empresas de Ônibus de Salvador - escreveu um texto expondo que a construção do Metrô de Salvador na av. Paralela intensificaria a desigualdade social já existente. Em sua estratégia de convencimento ele usou o argumento ao revés já que o Metrô reduzirá as distâncias e será um elemento que integrará as pessoas já que não se dependerá de carro particular ou táxi para suprir o péssimo serviço prestado pelas empresas de ônibus.


Faça um esforço para conseguir ler o texto até o final:


Apartheid urbano
A Avenida Luiz Viana Filho, conhecida popularmente como Avenida Paralela, tem se transformado, à medida que se adensa em tráfego e ocupação, num verdadeiro apartador de cidades. Basta olhar do alto pela janela do lado direito do avião, para que o turista se deslumbre com uma Salvador rica e charmosa, uma mistura de metrópole moderna com paraíso tropical. Tendo como moldura o mar de um azul (ou seria verde?) singular, ergue-se uma floresta de concreto e aço, onde brotam espigões, condomínios horizontais, shoppings e edifícios comerciais com as mais diversas finalidades simbolizando a modernidade e marcando fortemente a prosperidade do setor imobiliário.
Mas, se o visitante alonga o olhar e se aproxima do pouso a bombordo da aeronave, ou seja, do lado esquerdo da Avenida Paralela, vai se deparar com um quadro completamente avesso. E, por que não dizer, perverso. No mínimo, triste. Desse outro ângulo, vemos uma cidade clandestina, desassistida, feia e pobre. Em ruas tortuosas e sobrepostas, edificações de traçado tosco se amontoam umas sobre as outras. Esgotos correm a céu aberto e, com um pouco de imaginação, é possível até se sentir os odores que dominam o ambiente.
E não é preciso ser um estudioso de urbanismo para verificar a dicotomia entre as duas cidades que hoje habitam Salvador. Não nos referimos aqui às cidades Alta e Baixa, separadas pela Falha Geológica. A falha aqui não é um acidente natural, mas uma ação voluntária do homem, que divide os cidadãos por estratos sociais.
Só para ilustrar essa visão, recorro ao relato de um amigo que, ao mudar do Rio de Janeiro para a capital baiana com a família, ouviu da filha de cinco anos, a exclamação: "Olha, pai, aqui também tem Rocinha!". Para aquela criança, "rocinha" é sinônimo de favela, de exclusão social. Ela não precisou crescer, estudar nem se tornar uma urbanista renomada para perceber que, ali, ao oeste da Avenida Paralela, algo parece estar fora da ordem, como diria nosso poeta.
Ora, nós que vivemos o dia a dia de Salvador, sabemos da importância dessa avenida como eixo estruturante do trânsito soteropolitano. Trata-se de um elo vital na ligação norte-sul da cidade e que hoje está comprometido pela falta de viadutos, passarelas e outras obras de arte que permitam uma melhor ligação entre as duas cidades, a bonita e rica com a feia e pobre.
E não nos enganemos: a distância social entre as duas cidades tende a se agravar, caso o anunciado trem de superfície seja implantado na Avenida Paralela, sem os dispositivos mencionados acima, que facilitam a integração no sentido leste-oeste. No atual cenário, a implantação de um modal sobre trilhos naquela via representa um fator adicional para o "apartheid" urbanístico, econômico e social de Salvador. Além, é claro, de poluir visualmente a concepção do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) para o logradouro, no início dos anos 1970.
Voltando à observação da garotinha carioca, que, na inocência típica das crianças, sequer podia imaginar quão séria era sua avaliação e foi direto ao ponto: Salvador tem, sim, a sua Rocinha. Aliás, toda aquela ocupação desordenada à esquerda da Avenida Paralela, é uma grande "rocinha", a emblemática favela do Rio de Janeiro, que hoje abriga quase 70 milmoradores. Tida como a maior favela da América Latina, a comunidade está localizada entre a Gávea e São Conrado, dois dos bairros cariocas com o IPTU mais alto da cidade. Qualquer semelhança com as nossas duas cidades não é mera coincidencia...
Fala-se agora na redenção da cidade pela via difícil da tecnologia ferroviária, que é cara, de difícil manutenção e demorada implantação. Haja visto o triste exemplo do nosso metrô, que engatinha há doze penosos e longos anos. E, se alguém acredita que um metrô de superfície na Avenida Paralela é ruim porque não atende a bairros de alta densidade habitacional e de concentração de populações de baixa renda – como Cajazeiras e suas intermináveis adjacências – fique sabendo que a perversidade de tal concepção vai muito além disso. Vai ao recrudescimento do já existente "apartheid" urbano."
Fonte: Bahia247


O pior é saber que o Setps já anunciou que participará da licitação para a construção e administração do Metrô na av. Paralela. Isto seria inconcebível! 


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4 comentários:

  1. Rapaz, esse Horácio é maluco, alguém precisa apresentar São Paulo para ele, lá o eixo norte sul é feito pela linha azul do metrô do Tucuruvi a Jabaquara, leste oeste linha vermelha de Corinthians Itaquera a palmeiras barra funda, só esses dois exemplos para minar esse argumento invertido, pelo amor de Deus! Imaginei uma pesquisa feita em São Paulo perguntando se eles usariam o ônibus para fazer esses trajetos. Absurdo, se eu fosse ele (graças a Deus, não sou) teria vergonha de escrever um artiguete como diz um amigo dele, que esta apoiando essa luta do seteps na sua rádio. uhauhauhuha, acho que o mesmo pensa que o usuário de Salvador é trocha, lembro de uma entrevista dele, em que um usuário questionou sobre a sujeira dos ônibus e por que o seteps não tomava a providência devida, Horácio teve a coragem de dizer ao usuário em resposta que a culpa era da comunidade em questão, que tomam o transporte com os pés sujos de lama, isso mesmo, essa foi a resposta de quem se importa com o lado sujo e desigual de salvador, talvez por isso ele prefira o lado direito do avião na hora de pousar em nossa cidade! Aff paro por aqui, absurdos como esses indignam qualquer um.

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  2. Só Sao Paulo, não:. O mundo. Infelizmente, apesar de todo esforço, não consegui ler ate o final. Fui tomado por náuseas.

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  3. A grande preocupação nele na verdade é a população cada vez mais ter desprezo por ônibus e optar pelo conforto do transporte sob trilhos.A tendência é que cada vez mais, o sistema sob trilhos "sufoque" o sistema rodoviário e acabe com a farra deles em lucrar mais e prestar um péssimo serviço com as latas ambulantes (ônibus). A moda dos trilhos certamente vai pegar em salvador, e é isso que eles não querem.

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  4. Deve ter um dedinho dessa gente para o metro de Salvador ter se arrastado esse tempo todo.

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