Dr. Marcelo Veras - psicanalista
Morava ainda na Europa, o tempo já dilatado por alguns anos sem retornar ao Brasil, quando encontrei Tristes Trópicos, de Lévi-Strauss. Na época estava dividido entre o que aprendia e algo sem nome no Brasil do qual me sentia separado. Foi quando o cáustico comentário em que ele dizia que toda apreensão de uma cultura implica em sua corrupção. Assim, o encontro dos índios com os brancos levou ao que ele chamava de sifilização de toda uma comunidade. Mas a frase que, sem dúvidas, foi uma das que me fez desistir do projeto de exílio e retornar para o Brasil foi quando li em um dos capítulos, justamente o capítulo intitulado São Paulo que "um espírito malicioso definiu a América como uma terra que passou da barbárie à decadência sem conhecer a civilização.
É curioso um psicanalista acreditar na alma das árvores. Mas o processo de arrancamento das árvores centenárias para o projeto BRT em Salvador me faz ver como substituímos o verde vivo pelo túmulo frio do concreto, e tudo em nome da modernidade. Ser moderno ao preço de matar os espíritos velhos que habitam a cidade, transformar a cidade em algo mecânico e sem voz, sem olhar, sem transmitir aos mais jovens o respeito com o que nos precedeu, os rios, o verde, a topografia. Eis porque acredito na alma das cidades, pois também somos essas árvores. Nós a olhamos e elas nos olham. Quando matamos as árvores, matamos almas, as nossas.
quinta-feira, 26 de abril de 2018
A alma das cidades
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Movimento popular por trilhos
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13:37
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