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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Transporte sobre rodas ou por trilhos?

Em 2014 nosso país sediará pela segunda vez a Copa do Mundo de Futebol e, com isso, inúmeras obras serão feitas nas cidades-sedes para se adequarem as exigências que a FIFA impõe. São estádios, ginásios, hotéis, estradas, portos, aeroportos e muitos outras obras que visem dar mais fluidez e melhorar as imagens dessas cidades para o mundo.
Contudo, em muitas delas um dos temas que mais são discutidos e que mais levantam polêmicas está relacionado ao sistema de transporte. A maioria das cidades precisa implantar algum sistema novo nos seus territórios e dois modelos de transporte de massa são os mais discutidos: o BRT (Bus Rapid Transit) e o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Isso tem gerado muitos impasses e inúmeras discussões de qual é o mais eficiente.
No geral, por ser um modelo que teve maior repercussão a partir de Curitiba, o BRT tem estado na dianteira dessa briga pelo fato dos ônibus serem os veículos utilizados, ao contrário do VLT que usa trens. Nosso país cresceu privilegiando o sistema rodoviário de transporte e isso ainda se reflete nos dias de hoje, porém investir novamente em um projeto de longo prazo baseado em veículos com motores à combustão é um retrocesso.

Aqui em Salvador ainda está nessa discussão. O principal argumento da implantação do BRT é o seu tempo para ficar pronto, que, dizem os governantes, é menor, por isso haveria tempo de sobra para implantar esse modal, ao contrário do VLT. Porém, como poucas pessoas sabem, o metrô desta cidade está sendo construído a mais de 12 anos para um linha de pouco mais de 5km, e isso é um forte argumento para impedir a implantação do VLT, mas não se fala que a estrutura e o gasto do VLT são bem menores que a de um metrô e que não precisam ser feitas grandes obras, já que os trens ficam em superfície compartilhando o espaço com os outros modais, como os ônibus comuns, carros e bicicletas.
       


Pensando no longo prazo, os danos são ainda maiores com o BRT. A vida útil dos ônibus são bem menores que a dos trens, cerca de 5 contra 20 anos; uso de combustível fóssil ao contrário do VLT que usa energia elétrica; capacidade de passageiros muito menor, cerca de 160 contra 750 num mesmo veículo. Só esses números mostram que o sistema de transporte em trilhos é mais eficiente que os velhos e atrasados (por mais modernos que sejam) ônibus.
Aqui na cidade de Salvador existem algumas mobilizações por partes de indivíduos e entidades para que a prefeitura escolha o VLT. Há uma petição pública online, que pode ser acessada e assinada aqui. Há um blog específico sobre isso e que já ganhou certa repercussão na cidade, inclusive.
Os governos estaduais e municipais precisam parar de servir às empresas de ônibus. Aqui em Salvador, a principal patrocinadora e que entregou o projeto do BRT chama-se SETPS, que é a “dona” do transporte público de massa e que paga uma boa quantia ao principal jornal da Bahia e do Nordeste, o A Tarde, para fazer revistas mensais glorificando o BRT e destruindo todas as outras opções. Mas, no geral, o principal argumento dos governantes e das empresas que entregaram os projetos é o tempo hábil.
Mas, digam-me, se esses projetos são de longo prazo, por que tudo se faz pensando apenas até 2014? E depois de 2014, o que vai ficar para nossas cidades? Sistemas de transporte velhos, atrasados, altamente impactantes e que privilegia as áreas ainda mais privilegiadas no espaço urbano não são as saídas para a resolução ou melhoria dos problemas cotidianos nos quais vivemos. Precisamos pensar nas pessoas que realmente utilizam o transporte público e pensar no que esses sistemas trarão para as cidades de prejuízos e benefícios, inclusive os que tocam na questão ambiental.
E, defendendo abertamente minha posição, que vamos aos VLT’s, assim como Cariri e Crato aqui no Brasil que já usam esse sistema, e assim como as diversas outras cidades no mundo afora que já utilizam com bastante sucesso.


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